Fiscalização

Cresce o desmatamento de Mata Atlântica no Estado

Lizie Antonello e Mariana Fontana

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Cinco equipes compostas por 15 fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) fizeram uma varredura em 15 municípios do interior do Estado, oito deles na Região Central (São Francisco de Assis, Nova Esperança do Sul, Jaguari, Mata, Jari, Toropi, Quevedos e São Pedro do Sul) para fiscalizar o desmatamento de Mata Atlântica no Rio Grande do Sul. 

A operação Mata Viva teve o apoio de seis policiais do Batalhão Ambiental da Brigada Militar e ocorreu na semana passada. O resultado foi uma constatação desastrosa: é crescente o desmatamento de áreas de Mata Atlântica no Estado, principalmente, por pequenos produtores rurais que eliminam a mata para o plantio de soja. A prática é ilegal, já que só poderia haver desmatamento dessas áreas para agricultura de subsistência, mediante licença emitida pelos municípios, e não para o plantio de soja e tabaco, que teriam fins comerciais.

Ao todo, 15 hectares de áreas degradadas foram embargados pelo Ibama. Isso significa que as terras não podem ser utilizadas e devem ser destinadas exclusivamente para recuperação ambiental, que pode pode ser natural ou por meio do plantio de mudas nativas.

Além dos embargos, foram expedidos 24 autos de infração. O valor total em multas é de mais de R$ 197 mil. Foram apreendidos dois caminhões e lenha de mata nativa. Em Quevedos, foi encontrada uma embalagem de agrotóxico contrabandeado, mas o produtor não foi preso, pois a embalagem estava vazia.

Assim como os produtores, os tratoristas, que são aquelas pessoas que possuem tratores e que oferecem o serviço de desmatamento, também são autuados, já que é uma prática ilegal.

Para o chefe do Escritório Regional do Ibama, Tarso Isaia, o resultado mais grave é a constatação de que o desmatamento é crescente nesta região, que é considerada pelo Ibama como último remanescente de Mata Atlântica no Estado.

– O Rio Grande do Sul ocupa o 7º lugar do Brasil em desmatamento, mas isso não significa que estamos preservando mais, mas que outros Estados desmatam mais– lamenta Isaia.

Denúncias podem ser feitas pelo telefone (55) 3221-6843.

Especialista diz que uso de áreas não dura muito

A professora e coordenadora do núcleo de estudos e pesquisas em recuperação de áreas degradadas da UFSM, Ana Paula Rovedder, afirma que a região central do Estado abriga uma importante faixa do bioma Mata Atlântica e que Santa Maria fica exatamente na transição dos biomas Pampa e Mata Atlântica no Rio Grande do Sul. 

Ainda segundo a professora, o bioma é composto por outras formações vegetais e foi intensamente desmatado, primeiro pelo ciclo das madeireiras e, depois, para dar lugar aos cultivos agrícolas, o que fez com que as formações ficassem fragmentadas.

– As florestas da região sofreram e sofrem com a implantação de atividades agropecuárias, por exemplo. É uma ilusão o produtor pensar que vai aumentar seus lucros retirando áreas como matas ciliares e matas de encostas, pois a fragilidade natural dessas áreas não permite seu uso intenso por muito tempo. O resultado disto é a perda de áreas por erosão das margens e a redução da disponibilidade de água, pela degradação de nascentes – afirma a professora.

Ainda segundo Ana Paula, os processos de recuperação ou de restauração das áreas podem e devem ser feitos imediatamente. Entre as alternativas, está o cercamento e isolamento das áreas a serem restauradas, para que haja auto-recuperação, ou o plantio e a transposição de sementes, com a utilização, preferencialmente, de espécies nativas locais, para que não haja maiores problemas com a introdução de espécies diferentes.

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